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Banho de Óleo

Banho de Óleo 150 150 Kaka


Oil Bath
Na tradição do Ashtanga, Sábado é dia de descanso da prática diária.  É por isso, perfeito para fazer o Oil Bath, ou em português banho de óleo, como recomendado por Pattabhi Jois e Sharath Jois. Apesar do nome, não é exatamente um banho em que nos imergimos em óleo, mas uma massagem, que restaura nosso corpo e mente para a semana que segue.
O Ayurveda vê no óleo um importante componente terapêutico, que pode ser usado tanto internamente como externamente. A grande qualidade do óleo é sua ação desintoxicante, ao conseguir diluir as toxinas acumuladas e facilitar sua eliminação. Ao contrário de sabonetes e cremes que ressecam a pele, o banho de óleo hidrata e alimenta a flora microbiana benéfica desta, protegendo-a. A massagem com óleo tem ainda outros benefícios:
  • Nutre e lubrifica músculos, tecidos e articulações.
  • Compensa a secura de Vata, diminuindo seus desequilíbrios. Como este Dosha governa o movimento e comunicação entre as diferentes partes do corpo, todo o organismo se beneficia.
  • Estimula a circulação do sistema linfático, responsável por remover resíduos das células, levar nutrientes e ajudar a criar anticorpos. Se estes canais que percorrem todo o corpo estão entupidos, o organismo não consegue se livrar das toxinas em excesso, começando a reagir na forma de doença. Alguns sinais de congestão linfática são: fadiga, inchaço, pés e mãos frias, retenção de água, corpo duro ou dolorido de manhã e pele seca ou irritada.
  • O movimento circular nas articulações secreta linfa, o que aumenta a quantidade de minerais, proteínas, oxigênio e glicose, diminuindo as inflamações e dor.
  • Remove estresse e fadiga, protegendo o sistema nervoso.
  • Ajuda a dormir melhor e combate a insônia.
  • Para as pessoas com constituição ou agravos Vata, devolve oleosidade á pele, acalma os nervos e nutre os tecidos que estão demasiado secos.
  • Para as pessoas com constituição ou agravos Pitta, remove o excesso de calor, através do uso de óleos refrescantes e doces.
  • Para as pessoas com constituição ou agravos Kapha, esquenta e drena o corpo, ajudando a remover o excesso de água e muco.
A sensação depois da massagem é de bem-estar geral e relaxamento, por isso é bom fazer Sábado, quando podemos descansar. O resto do dia deve ser passado tranquilamente, evitando fazer esforços, pegar frio ou sol, lugares barulhentos e comida pesada. Faz sentido que depois de desintoxicarmos e relaxarmos corpo e mente não os sobrecarreguemos imediatamente com muita informação. 
Se o Sábado não for um bom dia por questões práticas, tradicionalmente, as mulheres podem fazê-lo Terça ou Sexta e os homens Segunda ou Quarta. Durante a menstruação não é aconselhado.
Primeiro de tudo, há que escolher o óleo:
Castor Oil (óleo de Rícino): era o recomendado por Guruji, pelas suas propriedades antiinflamatórias e purgativas. Porém, é muito denso e deve ser deixado no máximo 15 minutos. Pela sua qualidade quente aumenta Pitta.  Não deve ser usado na gestação. É também muito difícil de remover e requer mais lavagens que os outros. 
Óleo de sésamo (Gergelim): é mais aconselhado para pessoas com constituição Vata, mas pode também ser usado por Pitta e Kapha, em quantidades menores. O Ayurveda considera que é um óleo quente, antioxidante, que dá força e inteligência.
Óleo de Coco: doce e refrescante, é o mais aconselhado para pessoas de constituição Pitta ou dias quentes.
Óleo de Mostarda: o mais apropriado para pessoas com constituição Kapha, por ser quente e leve. Alivia dores musculares. Porém, é difícil encontrar esse óleo no Brasil.
Como fazer o Oil Bath:
  1. Curar o óleo em banho maria por 15 minutos. Antes de utilizar, verificar a temperatura, que deve ser morna.
  2. Cobrir o chão com toalhas e preparar o lugar onde se descansará com o óleo no corpo. Uma boa opção é um lençol velho, já que o óleo mancha.
  3. Começando pela cabeça, colocar uma boa porção de óleo e massagear o couro cabeludo com movimentos circulares, por uns cinco minutos.
  4. Aplicar o óleo no corpo. Pode se colocar primeiro rapidamente no corpo todo para depois se ir dando mais atenção a cada parte.
  5. Com bastante óleo, fazer massagem com movimentos longitudinais em membros e circulares nas articulações.
  6. No abdômen, os movimentos devem ser circulares, no sentido dos ponteiros do relógio, tal como o movimento da digestão, para facilitar a eliminação de resíduos.
  7. Os pés, onde temos muitos pontos Marma (pontos de energia) devem ser massageados por mais tempo que o resto do corpo, com calma e atenção.
  8. Descansar cerca de 15 minutos em Savasana, de preferência sem barulho ou interrupções. Esse tempo não deve ser ultrapassado com o Castor Oil. Os outros óleos podem ficar por mais tempo, lembrando que depois de 2 horas o corpo não consegue absorver mais.
  9. Tomar um banho quente, com sabonete natural. Como o óleo é difícil de tirar do cabelo, o melhor é lavar primeiro com sabonete e só depois com xampu.
  10. Esperar uma hora até comer e aproveitar o resto do dia com atividades relaxantes como ler um livro ou ouvir música. 
No meio de uma vida agitada, em que equilibramos trabalho, amigos, família e Yoga, pode ser difícil conseguir um tempo para nos cuidarmos, mas muito importante.  O Oil Bath é um ato de amor e respeito pelo corpo, essa dávida do Universo que nos permite viver todas essas coisas. 
Texto: Olga Rodrigues 
Foto: Taeko

Coco – Super Alimento

Coco – Super Alimento 150 150 Kaka

Coco

Começamos nossa série de SuperFoods com o Coco, essa fruta tão brasileira, que para além de ser muito rica em nutrientes ainda tem muita versatilidade, podendo ser consumida em diversas formas.
O coco faz parte da cultura de vários países dos trópicos, sendo por isso uma das SuperFoods mais espalhadas e consumidas pelo mundo. Seus usos e benefícios são tantos, que na Índia é uma das árvores chamadas de Kalpavriksha, a árvore divina da vida. 
Água de Coco
Extraída dos cocos verdes,  é um liquido claro, estéril, com sabor doce e refrescante. Algumas das suas propriedades:
  • Isotónica: contém a mesma proporção de eletrólitos como potássio, sódio e cálcio que o plasma humano e por isso é uma ótima bebida para tomar após esforços físicos em que suamos, sendo muito superior a bebidas como o Gatorade, por não ter corantes, conservantes ou adoçantes artificiais. 
  • A reposição de eletrólitos, sobretudo o Potássio, não só ajuda na hidratação como na função cardíaca e nervosa, ajudando a prevenir cãibras e espasmos musculares.
  • Fonte de vitaminas do complexo B.
  • Contém enzimas que auxiliam na digestão e metabolismo.
  • Baixa em calorias.
  • Diurética.
  • Rica em citocininas, que protegem as células contra o envelhecimento.
  • A Ayurveda considera que acalma Vata mas sobretudo Pitta, reduzindo agravos Pitta como sede excessiva e gastrite. Também é considerada boa para o coração, para ganhar força, combater pedras nos rins e aumentar a contagem de esperma.
Óleo de Coco
Um verdadeiro milagre da Natureza, pode ser utilizado de várias formas, tanto na alimentação como no cuidado da pele, cabelos e dentes e deve ser preferido virgem, de extração a frio. Considerado pela Ayurveda um dos melhores óleos para pessoas com constituição ou agravos Pitta, é uma gordura saturada composta por antioxidantes, ácido láurico, ácido cáprico e ácido láprico. 
Escutamos várias vezes que as gorduras saturadas são prejudiciais, porém o óleo de coco é uma exceção. Isso porque os ácidos dos quais é composto são de fácil digestão. Explicando melhor, as gorduras são compostas por cadeias de carbono e hidrogênio que podem ser curtas, médias ou longas. A maior parte das gorduras têm  triglicerídeos de cadeias longas mas as do óleo de coco são de cadeia média, o que faz com que sejam mais facilmente metabolizados pelo fígado e utilizados como energia, em vez de serem armazenados em forma de gordura. Desta forma, não só é uma gordura segura para quem tem problemas de colesterol como ajuda a perder peso.  A outra vantagem é que ao contrário dos óleos com triglicerídeos de cadeia longa, o óleo de coco pode ser aquecido sem perder suas capacidades antioxidantes e sem produzir substâncias tóxicas. 
As suas propriedades e formas de uso são várias:
  • Acelera o metabolismo e ajuda a queimar gordura.
  • Melhora a função mental, quando o cérebro recebe energia extra em forma de cetonas, produzidas pela conversão dos triglicerídeos.
  • Cura infecções por Cândida.
  • O ácido láurico, encontrando somente no leite materno, reforça nosso sistema imunitário. Tem propriedades bactericidas, anti virais e fungicidas, ajudando nosso organismo a se livrar de várias doenças.
  • Auxilia no funcionamento da tireoide, responsável pelo metabolismo e crescimento.
  • Aumenta a absorção de cálcio e magnésio, contribuindo para dentes e ossos fortes.
  • Diminui a resistência a insulina, ajudando no controle do Diabetes.
  • É um dos melhores óleos para cozinhar, a par do Ghee, por não produzir resíduos perigosos quando aquecido. Pode ser usado para refogar vegetais, em bolos e pães ou cru em vitaminas.
  • Na pele funciona como hidratante,  tem uma ação anti envelhecimento e trata problemas como eczema e psoríase.  Pode substituir perfeitamente cremes e loções artificiais.
  • É um ótimo óleo de massagem, especialmente para pessoas de constituição Pitta ou para dias quentes. 
  • Massageado no topo da cabeça alivia o stress.
  • Amacia o cabelo, fornece proteína, ajuda no seu crescimento e elimina caspa. Pode ser colocado antes da lavagem ou como condicionador.
  • É um bom bálsamo para lábios.
  • No cuidado dos dentes, pode ser usado como parte de um dentífrico natural ou como óleo usado no Oil Pulling. Esta é uma técnica ayurvédica, em que uma colher de óleo é passada pela boca por 20 minutos, removendo  bactérias e toxinas, a que se atribui diversos resultados como dentes mais brancos, melhor hálito, gengivas mais fortes e um efeito desintoxicante em todo o organismo.
O coco pode ser ainda consumido cru, na forma de leite, manteiga, açúcar ou farinha. Esta última é rica em proteínas, fibras, manganésio e ácido láurico, não contendo glúten. Algumas receitas:
Leite de coco
½ xícara de coco ralado fresco
1 xícara de água fervente
Colocar os ingredientes no liquidificador e depois coar num pano de prato. O processo pode ser repetido, com mais água, obtendo-se leites cada vez mais líquidos. Este leite pode ser tomado simples, usado para cozinhar ou em vitaminas.
Manteiga de coco
2 xícaras de coco ralado fresco
Triturar no processador por 20 minutos até ter uma consistência homogênea. Pode ser usado simples no pão, por cima de frutas, ou em receitas de bolos, pães, pudins, mousses, sorvetes e trufas, pela sua consistência cremosa.
Para cozinhar com farinha de coco
Substituir cada xícara de farinha de trigo por 1/3 ou ¼ de farinha de coco. Para cada xícara de farinha de coco usar 6 ovos e 1 xicara de líquido.
Hidratante de óleo de coco
Bater 1 xicara de óleo de coco na batedeira até ficar fofa, pode se acrescentar óleos essenciais de escolha própria como lavanda ou menta.
Dentífrico natural
½ xicara de óleo de coco
2-3 colheres de sopa de bicarbonato de sódio
2 pacotes pequenos de stévia em pó
15-20 gotas de óleo essencial de menta ou canela
Fontes:
http://thecoconutmama.com/ 

Texto: Olga Rodrigues
Foto: Taeko

Doshas

Doshas 150 150 Kaka

Para alcançar uma vida mais plena e equilibrada, o Ayurveda nos traz um conhecimento valioso, a visão de como os Doshas nos influenciam e se relacionam. Mas precisamos cuidar para não fazer dessas três energias rótulos para as nossas personalidades, algo mais com que desesperadamente tentamos nos identificar. A pergunta “que Dosha você é?” mostra bem essa visão do sistema ayurvêdico, que reduz os Doshas a tipos de constituição física e mental. Vata, Pitta e Kapha são muito mais do que isso. São energias presentes em toda a Natureza, responsáveis pelo seu funcionamento equilibrado e cíclico.
Isso porque os Doshas são a expressão das três grandes forças cósmicas: Vayu, Agni e Soma, já reverenciadas nos Vedas como deuses. Vayu é a energia que origina a vida e o movimento, a força vital que anima os seres. Agni é a luz, eletricidade e calor, que transforma o que precisa ser transformado. Soma origina a matéria, é a força gravitacional que mantém as coisas unidas, o amor. Relacionam-se metaforicamente com o Vento, Sol e Lua, respectivamente e se materializam como Vata, Pitta e Kapha. Tal como essas forças, cada um dos Doshas é composto por dois dos cinco Mahabutas ou elementos (Éter, Vento, Fogo, Água e Terra), que conferem seus atributos e diferentes funções.  
Vata é composto por Vento primariamente, que se movimenta pelo espaço (Éter), o elemento secundário. Controla o movimento e comunicação do corpo e mente, o fluxo dos pensamentos e a fala. A homeostase, ou equilíbrio do corpo, acontece por comunicação entre os diferentes órgãos e tecidos, por ação de Vata.  Quando por exemplo, a temperatura exterior aumenta, o hipotálamo precisa receber essa informação para acionar os mecanismos que adéquam a temperatura corporal. Sem comunicação, Pitta e Kapha não conseguem funcionar adequadamente. Por isso, quando Vata entra em desequilíbrio estes logo seguem.  Vata é assim a raiz dos tecidos e responsável pelo seu equilíbrio. Por sua energia móvel e sutil está relacionado á respiração e sistema nervoso. Seus atributos são: agitado, seco, leve, frio, áspero e sutil.
Pitta é composto principalmente por Fogo, que faz a digestão tanto de nutrientes como de impressões, pela mente. Controla o metabolismo e está por isso relacionado à produção de hormônios, enzimas e sucos digestivos. Neste caso, a Água, o elemento secundário, serve como proteção, para que o fogo não queime aquilo em que toca. Pitta está muito ligado á visão, já que esta é o sentido que nos permite digerir a luz. É também responsável pela fome, sede, brilho, cor, entendimento e coragem. Seus atributos são: ligeiramente oleoso ou úmido, penetrante, quente, leve, odor desagradável, móvel e líquido.
Kapha é composto por Água principalmente, que com a Terra, elemento secundário, dá estrutura, nutrição e suporte. É o Dosha que compõe os tecidos como o plasma, ossos e gordura. Também é responsável pela lubrificação, como no caso do liquido sinovial nas articulações e proteção, no caso do muco. Dá-nos estabilidade física e psicológica, assim como paciência e afetividade. Seus atributos são: oleoso ou úmido, frio, pesado, denso ou lento, pegajoso, suave e estável. 
Ou seja, precisamos dos três Doshas e dos cinco Mahabutas para que o nosso corpo e mente funcionem plenamente.  Por isso, não é muito adequado dizer “eu sou Vata”, quando somos sim, uma mistura dos três Doshas, ainda que em diferentes proporções. Em todas as funções do organismo, podemos observar a sinergia entre estas três forças e a forma como se complementam. Quando comemos algo, por exemplo, é Vata que faz com que os diferentes órgãos se comuniquem e movimentem esse alimento, Pitta que digere, ou seja, separa nutrientes de dejetos e Kapha que lubrifica e protege os órgãos dos ácidos digestivos. Na respiração, o ar externo é trazido por Vata, o oxigênio separado por Pitta e todo o sistema protegido por Kapha em forma de muco e surfactante que impede os alvéolos de colapsarem. Também a mente precisa das três forças funcionando: é por Vata que captamos as impressões externas, mas por Pitta que as compreendemos e por Kapha que as memorizamos.
Pensar em termos de atributos facilita a compreensão dos Doshas, já que estes não são visíveis ou palpáveis. Um dia frio e úmido naturalmente agrava Kapha e por isso ficamos mais propensos a ter resfriados com suas características como a produção de muco (denso, pegajoso, frio) e sensação de peso no corpo (denso, pesado, estável). Da mesma forma, uma comida picante (penetrante, quente) pode nos provocar um agravo Pitta como uma inflamação (quente).  Quando entendemos que atributos pertencem a que Dosha podemos olhar para a comida, clima, corpo, rotina e prever qual aumentará e qual reduzirá, lembrando sempre que “Semelhante gera semelhante”. 
Também podemos definir a constituição de uma pessoa observando que atributos são mais predominantes.  A questão é que fica fácil confundir a constituição original (Prakrutti) com desequilíbrios ou agravos por questões externas. Uma pessoa que dorme pouco, viaja muito e se alimenta erraticamente provavelmente terá manifestações Vata como pele seca ou ansiedade, mas por agravo deste Dosha.
Outro equívoco comum é pensar no equilíbrio como a proporção igual entre os três Doshas. Vemos a pessoa equilibrada como aquela que teria a energia de Vata, a determinação de Pitta e a afetuosidade de Kapha. Porém, estarmos em equilíbrio significa que os três doshas estão na proporção original da nossa constituição e isso pode ser mais Vata, mais Pitta ou mais Kapha.  Então serei para sempre um Pitta irritado, com azia e espinhas? Não! É muito importante entender a diferença entre o que são traços constitucionais, expressões de equilíbrio e sintomas de desequilíbrio de cada Dosha. Para além disso, a maior parte das pessoas têm dois Doshas numa proporção semelhante, o que faz com que tenham características de ambos. Um diagnóstico correto da Prakrutti só pode ser feito por um terapeuta ayurvêdico, mas seguem algumas linhas gerais que caracterizam cada um dos tipos constitucionais:
As pessoas com Vata predominante são normalmente magras e seus padrões de fome, sede e sono são irregulares, tendo muitas vezes insônia e se esquecendo de comer. A sua energia é variável e tendem a se cansar facilmente.  Pelo seu atributo seco, a sua pele costuma ser seca e têm tendência para constipação. A sua mente é rápida para captar informações, mas também para esquecê-las. Caminham e falam rápido. Os seus principais órgãos de sentido são os ouvidos e a pele e por isso são pessoas que reagem a barulhos fortes e que se comunicam muitas vezes pelo toque. Quando em equilíbrio, são pessoas com muita energia, entusiasmo e bom humor, ágeis e leves, que gostam de se comunicar e mudar. Vata em desequilíbrio provoca emagrecimento, digestão irregular, constipação, ansiedade, medos, desorientação e dor. 
Têm muito entusiasmo quando começam a praticar Yoga, mas podem ter dificuldade de continuar, já que lhes custa seguir uma rotina. Isso também as pode levar a mudar constantemente de método ou professor, não se comprometendo com nenhuma prática. Outro desafio que podem encontrar são as dores, muitas vezes causadas por extrema secura das articulações e músculos. A prática de Ashtanga ajuda-os a ganharem concentração e disciplina, enraizando-os e ajudando a produzir calor interno, alcançando aos poucos uma mente mais tranquila. Devem ter cuidado para não ficarem exaustos com a prática, respirando com calma e descansando em Savasana por tempo prolongado, cobrindo-se para não esfriarem.
As pessoas com Pitta predominante têm uma estrutura mediana e musculatura desenvolvida. A pele tem bastante cor (rosada ou com sardas), assim como os olhos e o cabelo, que pode ser castanho claro ou ruivo e embranquecer cedo. São sensíveis ao calor. Têm fome e sede intensas, não gostando de saltar refeições e ficando irritados quando isso acontece. Pela sua característica penetrante costumam ter suor e hálito com cheiro forte. Seu passo é determinado, assim como suas ações. A visão é o seu órgão dos sentidos mais sensível e como tal, têm um forte sentido estético. São inteligentes, justos, exigentes e competitivos.  Pitta em desequilíbrio traz fome, sede e sudorese excessivas, febre, hemorragias, sensações de ardência, irritações de pele, icterícia (cor amarelada na pele e mucosas), inflamações, agressividade e raiva.
Pela sua disciplina são facilmente atraídos pela prática de Ashtanga, memorizando rapidamente a série e se dedicando a fazer o seu melhor em cada postura. Porém, têm tendência a ser levados pela competitividade e preocupação com detalhes técnicos dos asanas, provocando lesões quando forçam para além do que deviam. Quando finalmente aprendem a ser menos exigentes consigo mesmos, a prática acalma esse fogo interior exacerbado, ajudando-os a sair da lógica mental e a entregarem-se ao momento. O seu foco deve ser não esquentar demasiado o corpo, respeitando seus próprios limites, aproveitando as propriedades refrescantes das posturas finais e fazendo um Savasana longo.  
As pessoas do tipo Kapha têm uma estrutura robusta, com bastante resistência. A sua pele é macia, pálida, fria e oleosa. A sua fome é constante mas leve e comem muitas vezes por questões emocionais, o que os leva a ganhar peso facilmente. O sono é profundo e acordam devagar. O seu pensamento é lento, mas conseguem memorizar por muito tempo as informações. São calmos, compassivos e amorosos, mas podem se tornar apegados a pessoas queridas e bens materiais. Relacionam-se com o mundo através do cheiro e paladar, gostando de roupas e lugares confortáveis ou gostosos. Em excesso, Kapha cria um fogo digestivo baixo, acúmulo de Amma, náuseas, sensação de peso, sono excessivo e letargia, congestão, obesidade, excesso de muco, problemas respiratórios como bronquite, palidez, lassidão dos membros, estagnação mental, possessividade, ciúmes e resistência a mudanças.
Pela sua dificuldade em começar algo novo, podem ter dificuldade de iniciar uma prática de Ashtanga. Quando conseguem persistir são as pessoas que mais se beneficiam com essa prática, que lhes dá força e agilidade, ajudando-os a esquentar o corpo, acelerar o metabolismo e diluir o muco acumulado. A rotina de acordar de manhã cedo para fazer algo físico é ótima para as pessoas deste tipo, ajudando-os a dinamizar sua vida e sair do sedentarismo. Para isso precisam vencer a preguiça, tentando ir para além daquilo que acreditam ser seus limites e não se deixando ir demasiado devagar. Devem evitar adormecer em Savasana, para não ficarem sonolentos depois da prática. 
Porém, mais importante que tentarmos nos encaixar num tipo de constituição é compreendermos como essas três energias nos influenciam e como podemos trabalhar com elas para nos sentirmos mais dispostos e em consonância com a Natureza. Ayurveda e Yoga caminham juntos quando entendemos que para termos paz interior precisamos primeiro curar nosso corpo e mente. 
Texto: Olga Rodrigues 
Imagens: Taeko

Yamas

Yamas 150 150 Kaka


Ashtanga Yoga de Patanjali: Yamas
O Ashtanga Yoga é muitas vezes visto como uma prática exigente fisicamente e pouco espiritual, ou que quer que isso signifique. Afinal, a vida em si é espiritual e sagrada, em todos os seus aspetos e momentos, desde escovar os dentes até cantar um mantra. Mas enfim, a verdade é que de nada adianta subirmos no mat por 2 horas e executarmos posturas perfeitamente, se no resto do dia agimos sem consciência e sem intenção de tornarmos o mundo um lugar melhor. Não por acaso, o nome desse método é inspirado no Ashtanga Yoga de Patanjali.
Patanjali era um rishi (sábio) de que se sabe pouco, mas que se acredita que viveu alguns séculos a.C. e que escreveu os Yoga Sutras, um livro de aforismos sobre os princípios do Yoga e seus oito (asht) membros ou passos (angas). 
No sutra 1.2 Patanjali diz que Yoga é “citta vrtti nirodhah”, a cessação das flutuações da mente. Os Yoga Sutras são como um mapa que nos guia na direção de uma mente sem flutuações, que nos permita contemplar nosso verdadeiro Ser. Mas a viagem cabe a cada um fazer. Podemos ler e recolher toda a informação sobre um lugar, mas só saberemos como é exatamente quando chegarmos lá. Assim é com o Ashtanga Yoga e só poderemos compreender realmente cada anga quando o experienciamos. O 1% de teoria é valioso, mas é o 99% de prática que nos faz mover, avançar e evoluir. Sem dúvida, não é um caminho fácil, mas é recompensador.
Pattabhi Jois dizia que os quatro primeiros membros (yama, niyama, asana e pranayama) podem ser ensinados, mas os quatro finais (pratyahara, dharana, dhyana e samadhi) acontecem espontaneamente, quando se está preparado. Os yamas, o primeiro passo nesse caminho, são limites que precisamos ter nas nossas relações com o Universo para que estas sejam harmoniosas. São restrições a tendências que se tornam naturais quando vivemos num mundo individualista, mas não são mais do que regras universais da ética. São cinco:
Ahimsa: não-violência, o primeiro princípio e que governa os outros. É um voto de não causar intencionalmente dano a nenhum ser vivo, nem em ações nem em pensamento. Á medida que nos aprofundamos nesta prática, entendemos que requer muita compaixão e não-julgamento. É a principal razão pela qual muitos praticantes de Yoga não consomem carne. Mas atenção, não ser violento não significa ser passivo. O voto de Ahimsa nunca deve ser a causa de um dano maior no futuro. 
É importante que apliquemos esse princípio também a nós mesmos, respeitando e escutando nosso corpo. Algumas pessoas, em determinados momentos, abordam a prática com uma atitude competitiva, ignorando as dores que sentem e querendo chegar à perfeição do asana, custe o que custar. É aqui que surgem as lesões e frustrações. Se não está conseguindo chegar na postura que sempre desejou ou que conseguia antes, tudo bem: respire, relaxe e aproveite a viagem. Lembre-se que Ahimsa é sobretudo um voto de amor, mesmo que seja por si mesmo.
Satya: veracidade ou honestidade. Como praticantes de Yoga, é importante que nossas ações sejam coerentes com nossas palavras e que estas transmitam apenas a verdade. Isso torna a vida muito mais fácil: alguém que fala a verdade não precisa se preocupar com aquilo que falou anteriormente. Já quando alguém mente, precisa desperdiçar energia construindo a falsa realidade, prevendo e calculando o que vai dizer. 
Como todos os yamas, Satya é inseparável de Ahimsa: se algo é verdadeiro, mas desagradável, deve ser mantido em silêncio. Se a verdade vai machucar o outro, é preferível responder com um “sei mas não posso dizer” do que mentir.
A nível pessoal, não podemos esquecer-nos de ser verdadeiros conosco mesmos. Se nos propomos a algo, devemos fazer o possível para cumpri-lo. A honestidade faz com que estejamos mais conscientes, estabelecendo metas mais adequadas a nossa realidade e verdade pessoal.
Asteya: não-roubar ou não tirar algo que não nos foi oferecido. Não vale só para bens, mas também para tempo, energia, idéias e espaço de outras pessoas. Se durante a aula, um aluno aproveita para conversar alto sobre os seus próprios problemas, distraindo quem se tenta concentrar, isso é também se apropriar de algo que não é só seu. Também por esse princípio é importante honrarmos a tradição e o parampara. O conhecimento a que temos acesso hoje não nos pertence, foi passado por uma linhagem de sábios por séculos. Como tal, não podemos alterá-lo como nos convém ou achar que o possuímos.
Bramacharya: traduzido muitas vezes como castidade. Na sua essência significa mover-se em direção a Brahma. Na tradição védica, Bramacharya diz respeito aos primeiros 25 anos de vida, em que se estuda e se mantém casto para conservar energia para os estudos. Também pode ser interpretado como um voto de integridade e controle dos sentidos. Isso não quer dizer que não desfrutemos as sensações e emoções que a vida nos traz. Apenas que a busca pelo prazer não precisa ser nossa principal motivação. Como podemos atingir uma mente sem flutuações se nos deixamos distrair por qualquer estímulo sensorial? 
Sobre as relações amorosas ou sexuais, não precisamos tomar o celibato como meta, até porque isso desanima qualquer um. Se agirmos com amor e atenção, aplicando os outros yamas nestas relações, com certeza não só não desperdiçaremos energia como tornaremos a nossa vida mais rica.
Aparigraha: não-ganância. A ganância ou essa tendência de acumular mais do que precisamos só acontece quando nos identificamos com aquilo que não somos. Iludidos, acreditamos que é a roupa, o carro, o dinheiro no banco que nos vai fazer mais felizes, quando a felicidade já está dentro de nós. Perdidos nessa busca constante, nos esquecemos que todas essas possessões são temporárias e se irão. 
Assim é com o corpo, uma das coisas do mundo com que mais nos identificamos. Parigraha (ganância) é também olhar para o lado e querer fazer o que o outro faz, chegar mais longe na série, acumular posturas, mesmo que isso signifique perder bandhas e respiração, mesmo que nos lesionemos. 
Estar firmemente estabelecido em qualquer um dos yamas é extremamente complexo, mas fundamental para alcançar uma mente sem vrttis. E isso implica colocar a luz sobre cada ação e pensamento, mesmo aqueles que preferíamos ignorar. Uma palavra rude, uma mentirinha, um troco errado mas vantajoso para nós podem parecer inofensivos mas na verdade, contaminam nossas relações com o mundo. Cada vez que permitimos que uma semente de uma atitude como a violência germine, uma planta crescerá daí e mais tarde ou mais cedo colheremos seu fruto amargo. 
Mas no sutra 2.33 Patanjali nos dá uma estratégia para consolidarmos os yamas: pratipaksa-bhavana. Sempre que pensamentos negativos surgirem dentro de nós, incitando-nos a romper com os yamas, podemos trazer a nossa mente pensamentos opostos. Se alguém nos irrita e sentimos que vamos reagir com raiva e acabar por falar algo de que nos arrependeremos mais tarde, podemos pensar nas qualidades positivas da pessoa ou situação. Também pode ser entendido como ver o outro lado da questão ou se colocar no lugar do outro. É um exercício que requer persistência, mas que com o tempo, se torna um aliado poderoso.
Os yamas são mais do que mandamentos ou códigos rígidos de como nos devemos comportar. São como sinais que mostram que direções tomar. Ninguém pode fugir do Dharma. Quando sacrificamos valores dharmicos para ter mais poder, dinheiro ou prazer, não conseguimos ficar tranqüilos. 

A verdade é que os yamas só são difíceis de cumprir porque fazemos uma separação errada entre nós e o mundo. Se o outro é Ishvara, o Ser Supremo, tal como eu, que ganho em magoá-lo ou mentir-lhe? De que me serve acumular ou roubar bens se são apenas uma parte do Universo como eu? Estabelecer-se e compreender realmente cada yama é uma prática completa em si mesma, imprescindível no nosso caminho até o samadhi.                                                                                                                                              

Texto: Olga Rodrigues

Foto: Taeko                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

Guruji

Guruji 150 150 Kaka

Vande Gurunam charanaravinde
Sandarshita svatmasukhavabodhe
[Eu me curvo aos pés de lótus do Guru
Que me desperta para a felicidade da revelação do Ser]

Sri Krishna Pattabhi Jois, ou Guruji, como era afetuosamente chamado pelos seus alunos, nasceu num dia de lua cheia, a 26 de julho de 1915, na pequena cidade de Kowshika. Seu pai era sacerdote, astrólogo e dono de terras, sua mãe cuidava da casa e da família com nove crianças. Como todos os meninos da linhagem Brahmin, foi iniciado pelo pai ao estudo dos Vedas, sânscrito e rituais com cinco anos.
Em 1927, assistiu pela primeira vez a uma demonstração de Yoga, por T.S. Krishnamacharya, que o impressionou. Na Gita, Krishna diz que aquele que chega ao Yoga nessa vida já o praticou numa vida anterior, sendo atraído mesmo contra sua vontade. Assim aconteceu com Pattabhi Jois, que com apenas 12 anos, acordou no dia seguinte e se dirigiu a casa do yogi, pedindo para ser instruído por ele. Durante dois anos, acordou mais cedo cada manhã, caminhando por kilometros para praticar antes de ir a escola. Tudo isso sem que sua família soubesse, principalmente porque o Yoga era visto como uma prática esotérica para sadhus ou sannyasins (renunciantes). 
Depois da sua cerimônia iniciática como Brahmin, pegou o trem para Mysore. Com 14 anos e duas rupias no bolso, dirigiu-se a Faculdade de Sânscrito para estudar Vedas e Vedanta. Três anos depois escreveu para seu pai, contando seu paradeiro. Mais tarde, se tornou um professor de Advaita Vedanta, cargo que só deixou em 1973 para se dedicar totalmente ao seu shala.
O seu caminho voltou a se cruzar com o de Krishnamacharya, em 1931, quando assistiu a uma demonstração de Yoga na Faculdade de Sânscrito. Feliz de reencontrar seu guru, se curvou aos seus pés e assim se retomou a relação professor-aluno, que duraria 25 anos. 
Nessa mesma época, o Maharaja de Mysore mandou chamar Krishnamacharya para o que o curasse, já que nenhum outro médico tinha conseguido. Através de Yoga, alimentação e ervas medicinais, Krishnamacharya conseguiu que o Marahaja recuperasse sua saúde. Como agradecimento, esse construiu um shala no próprio palácio e patrocinou diversas viagens de Krishnamacharya e seus alunos (entre eles Pattabhi Jois) por toda a Índia, para divulgar e estudar mais sobre Yoga. 
O Maharaja lhe pediu que ensinasse Yoga na Faculdade de Sânscrito, onde começou em março de 1937. Pattabhi Jois contava que seu certificado de professor foi dado por Krishnamacharya quando este lhe entregou um homem doente, dizendo: “Cure-o”.
Por essa altura, uma menina de 14 anos foi sua aluna: Savitramma, que depois de ver Pattabhi Jois praticando disse ao pai que queria aquele homem como marido. O astrólogo contratado pela família informou que os dois não eram compatíveis, mas Amma era determinada e acabaram por se casar. Em Mysore criaram três filhos: Manju, Saraswathi e Ramesh. Amma, amada por todos os alunos de Guruji por seu espírito alegre e caloroso, foi também uma ótima aluna de sânscrito e Yoga, tendo chegado a fazer asanas avançados. 
Ramesh faleceu em 1973, mas tanto Manju como Saraswathi se tornaram professores de Yoga, assim como os filhos de Saraswathi: Sharath e Sharmila. Amma veio a falecer em 1997, o que abalou profundamente Guruji.
Em 1948, Pattabhi Jois fundou na sua própria casa o Ashtanga Yoga Research Institute (Instituto de Pesquisa de Ashtanga Yoga), onde pretendia experimentar os métodos terapêuticos ensinados por Krishnamacharya. Nesse primeiro Shala, havia espaço para somente 12 alunos, na época indianos que chegavam muitas vezes por indicação médica, com doenças como diabetes, asma ou hanseníase.
Cerca de 1960 veio o primeiro ocidental, Andre Van Lysbeth, um belga, que permaneceu por dois meses aprendendo os asanas da primeira e segunda série. Voltando a Europa, escreveu um livro intitulado Pranayama, onde figurava uma fotografia com Pattabhi Jois. 
Em 1973, David Williams, Nancy Gilgoff e Norman Allen chegaram para estudar com Guruji, depois de terem ficado deslumbrados com uma demonstração de Manju Jois, no ashram de Swami Gitananda, em Pondicherry. 
A primeira viagem de Pattabhi Jois ao Ocidente foi a São Paulo, em 1974, para dar uma palestra sobre sânscrito. Em 1975, foi pela primeira vez aos Estados Unidos, levado por um grupo de alunos de David Williams e Nancy Gilgoff. Durante os 30 anos seguintes, realizou várias dessas viagens, difundindo o Yoga no Ocidente. Seu inglês era muito limitado, mas na sua língua materna, o Kannada, discursava sobre filosofia védica e recitava textos em sânscrito como os Yoga Sutras com prazer. Ao mesmo tempo, sorria ao observar a busca espiritual insaciável dos seus alunos ocidentais, respondendo muitas vezes com sua conhecida frase “Yoga é 99% prática e 1% teoria”. 
Como principal texto sobre Ashtanga Yoga, escreveu o livro Yoga Mala, em 1962. O seu legado, porém é bem mais abrangente que isso: foi construído dia a dia, nos setenta anos que ensinou, ajustou e trabalhou com cada um de seus alunos, sempre com uma enorme dedicação e fé no método aprendido de Krishnamacharya. Com 70 anos, dava mais de 8 horas de aula por dia, sete dias por semana, um autêntico exemplo de energia e vigor. 
Com os anos, mais e mais ocidentais foram chegando, aumentando tanto o número de alunos por dia que a família construiu um Shala maior, em Gokulam, um bairro de Mysore, em 2002. 
Em 2007, Guruji ficou doente e começou a dar menos aulas, se aposentando no ano seguinte e deixando o Shala nas mãos de Saraswathi e Sharath.
No dia 18 de maio de 2009, com 93 anos, Guruji faleceu, na sua casa em Mysore, deixando um vazio gigante na comunidade mundial de Yoga. Aqueles que o conheceram definem-no como um homem sábio e simples, tão rígido quanto amoroso, com um grande amor pela família, uma enorme paixão por ensinar e eterno respeito pelo paramparam. Hoje e para sempre, seus ensinamentos continuarão a inspirar centenas de pessoas a transformar suas vidas.
Resta-nos agradecer termos sido tocados pela sua energia, direta ou indiretamente. A sua memória é mantida cada vez que um de nós sobe no tapetinho, apesar de qualquer coisa, se entrega e respira, suas palavras ressoando dentro de nós: “Do your practice and all is coming” (“Faça a sua prática e tudo chegará”).
Fonte:
Sri  K. Pattabhi Jois. Yoga Mala. 4th Edition. North Point Press: New York, 2010.
Guy Donahue, Eddie Stern. Guruji: a portrait of Sr. K. Pattabhi Jois through the eyes of his students. 1st Edition. North Point Press: New York, 2010.
Texto: Olga Rodrigues
Foto: Taeko

Equilibrando Pitta

Equilibrando Pitta 150 150 Kaka


Equilibrando Pitta no Verão
O Verão chega e com ele o calor. Os dias ficam mais longos, as noites mais quentes e tudo parece mais leve e solto. Mas talvez você já tenha reparado que se tornam comuns desconfortos como febre, inflamações, problemas de pele como acne, diarréia, odor corporal desagradável e sensações de ardência como azia. No plano emocional, talvez você se sinta mais impaciente, competitivo, com tendência a criticar tudo ou com raiva. 
Coincidência? 
No Ayurveda existe uma lei que diz que semelhante gera semelhante, logo o Verão naturalmente aumenta Pitta, que tem a mesma natureza quente, clara, leve e ligeiramente úmida. 
Por isso não é de estranhar que esses desconfortos aumentem, já que são agravos de Pitta. Composto principalmente por Fogo, este é o Dosha que governa tanto a digestão como o discernimento. Em linhas gerais, as pessoas com Pitta predominante têm constituição média, musculatura desenvolvida, pele quente, muitos sinais ou sardas e sentem bastante fome. Normalmente se destacam pela sua coragem, determinação e inteligência. São também quem mais sofre com o calor, mas todos nós podemos agravar Pitta nessa época, se não tomarmos cuidado.
O que parece fácil, basta ligar o ar-condicionado no máximo e tomar uma bebida bem gelada. Mas a verdade é que esse extremo também é prejudicial: no Verão, o nosso Agni (fogo digestivo) é mais fraco do que no resto do ano. É uma resposta natural do organismo ao fato de precisarmos produzir menos energia para nos aquecermos. Por isso, sentimos menos fome no tempo quente. As bebidas ou alimentos gelados enfraquecem ainda mais o nosso Agni, como se apagassem esse fogo, dificultando a digestão e criando acúmulo de toxinas (Amma).
Mas existem várias formas de nos refrescarmos naturalmente, sem comprometermos o nosso equilíbrio, como:

  • Evitar comidas muito quentes, gordurosas, ácidas, picantes, café, álcool e outros estimulantes.
  • Optar por alimentos que são frios por natureza, como: tomate, pepino, coentros, melão, salsão, a maior parte das frutas e saladas verdes. Tudo com moderação, já que o Agni está mais fraco. 
  • Os lácteos (leite, queijo fresco, ghee e iogurte) são também refrescantes e podem ser consumidos, mas somente quando não há muito Kapha no corpo (atentar para sinais como muco, congestão e sensação de peso).
  • As bebidas geladas e açucaradas podem ser substituídas por chás frios, água de coco ou sucos de fruta. Uma boa opção é a água aromatizada com ervas refrescantes como menta, manjericão, capim-limão ou rodelas de limão, deixada por algumas horas na geladeira.
  • Aumentar a quantidade de sabor doce, amargo e adstringente, considerados frios.
  • Realizar exercício físico ou a prática de asanas nas horas mais frescas do dia, de preferência ao amanhecer ou entardecer.
  • Não ficar no sol das 10h ás 15h. 
  • Fazer uma massagem com óleo de coco. Não só refresca o corpo como é perfeito para hidratar a pele depois de exposição prolongada aos raios solares. 
  • Reduzir estímulos excessivos como lugares tumultuados com muito barulho e filmes ou música violentos.
  • Refrescar os sentidos com passeios ao luar, paisagens verdes e banhos de mar, lagoa ou cachoeira.
  • Vestir roupa confortável e solta, com tecidos leves como algodão e linho, com cores claras.
  • Usar aromas como rosa, jasmim e gerânio. A rosa é uma das fragrâncias mais adequadas para equilibrar Pitta.
Assim, podemos aproveitar ao máximo esta estação colorida, restaurando energias para o ano que começa e avivando em nós as qualidades positivas de Pitta como a coragem, a motivação e a paixão pela vida. 

Texto: Olga Rodrigues
Imagens: Taeko

Solstício de Verão – Novo Ciclo

Solstício de Verão – Novo Ciclo 150 150 Kaka

O Ashtanga Yoga é uma prática poderosa, que nos faz sintonizar com a Natureza. Acordamos antes de o Sol nascer e o saudamos com Surya Namaskar, sentimos o poder da Lua Cheia em nós, nos enraizamos na Terra nos asanas de equilíbrio e absorvemos Prana a cada respiração. Subitamente, compreendemos nosso papel na eterna dança do Universo, experienciando como essas energias se alternam e transmutam, ciclos se abrindo e fechando continuamente.
O solstício de Verão marca o início de um desses ciclos e no hemisfério Sul acontece a 21 de dezembro. É o dia mais longo do ano, aquele em que essa parte do planeta está mais alinhada com os raios do Sol. Na cultura védica é considerado um dia auspicioso, já que o Sol é reverenciado como fonte de Luz, Prana, sabedoria e vitalidade. Sendo o dia que essa energia de luz está mais presente, é ideal para realizar sadhana (prática espiritual) e meditar na energia de Surya.
Na mesma época chegamos ao final de mais um ano. É o momento de contemplar as flores que cultivamos e nos despedirmos das ervas daninhas que cortamos. Relembramos os risos, as lágrimas, as metas alcançadas, as surpresas do destino. E como esquecer aqueles dias em que voamos no tapetinho, o Prana fluindo e nutrindo todo o nosso ser, uma sensação de plenitude e gratidão assomando a cada asana? 
É também o tempo de renovarmos propósitos e intenções, de plantarmos as sementes do que virá. Afinal, a cada nascer do Sol, a cada inspiração, solstício ou equinócio, há um novo ciclo que se inicia, uma oportunidade de retomar a caminhada até a nossa verdadeira essência.

Texto: Olga Rodrigues
Foto: Taeko

Carta aberta aos estudantes de ashtanga yoga

Carta aberta aos estudantes de ashtanga yoga 150 150 Kaka
Por David Williams
Toda vez que eu viajo para diferentes partes do mundo ensinando Yoga, sempre me vêm à mente certos conceitos fundamentais sobre como ensinar e praticar Ashtanga Yoga, baseados em estudo e observação pessoais e nos meus 32 anos de prática ininterrupta. Penso serem importantes o suficiente para querer compartilhá-los com todos.
Primeiro, o mais importante de tudo – e espero que você possa aprender isso na sua prática: “Se dói, você está fazendo errado”. Ao longo dos anos, tenho visto gente demais se machucando e machucando outros. A prática de Yoga pode ser (e deveria ser) prazerosa do início ao fim. O que importa de fato é mulabandha e uma respiração profunda e completa. Com isso e por meio da prática diária, a obtenção de mais flexibilidade é inevitável.
Aprendi a partir da minha própria prática e observação que forçar as limitações que você tem em determinado momento para conseguir entrar em uma postura pode fazer com que você se machuque, e a consequência, no mínimo, será a necessidade de parar para que a lesão se recupere e então retomar a prática. Tal sequência de eventos não é apenas desagradável, mas contrária à minha convicção de que, por meio de uma prática lenta, estável e diária, pode-se conquistar uma flexibilidade ainda maior – resultado da ação de nosso próprio calor interno, que nos faz relaxar nas posturas, em vez de forçar-nos nelas. Percebi que esse método mais lento, além de ser mais saudável e permitir o desenvolvimento de uma flexibilidade maior, faz com que ela seja de natureza mais duradoura do que a flexibilidade obtida quando se força uma postura. Infelizmente, como muitos acabam descobrindo, forçar nossas limitações pode trazer como resultado atividades reduzidas ou limitadas durante a recuperação. Esse ciclo pode produzir associações desagradáveis com a prática, em vez das experiências agradáveis que eu procuro apresentar e que me parecem ser necessárias para quem quer uma prática para toda a vida.
Penso ser importante mostrar às pessoas como elas podem fazer das séries do Ashtanga Yoga não só uma prática para toda a vida como também uma experiência absolutamente prazerosa. Imagino que, quando você viu a prática pela primeira vez, deve ter dito para você mesmo: “Se eu conseguir fazer isso, vai ser o máximo!”. Pois aí está: você já observou bastante a prática e quer continuar com ela. A chave então é se tornar apto a praticar Yoga pelo resto da sua vida. Depois de mais de 30 anos observando milhares de pessoas praticando Yoga, percebi que os que perduram são aqueles que sabem como tornar a prática algo de que possam desfrutar. Eles pensam na sua prática diária de tal maneira que nada pode impedi-los de achar um tempo para fazê-la. Ela se torna uma das partes mais prazerosas do seu dia. Os outros, consciente, subconsciente ou inconscientemente, desistem de praticar. E o meu objetivo, toda vez que encontro e dou aulas a novos alunos, é fazer tudo o que estiver ao meu alcance para inspirá-los a construir e estabelecer sua prática de Yoga não apenas durante os poucos dias em que estamos juntos, mas para o resto de suas vidas.
Em segundo lugar, espero que você possa entender que o principal objetivo do Yoga não é aumentar a flexibilidade ou a força. Uma maior flexibilidade e força são simplesmente resultados e benefícios naturais da prática diária. E, embora flexibilidade e força sejam benefícios importantes e visíveis do Yoga, acredito que a principal finalidade da prática do Yoga é a auto-realização e a capacidade de manter-se a si mesmo em equilíbrio e saudável todos os dias. A saúde é o seu maior bem. O DNA do corpo sabe o que é bom e saudável para o organismo; tudo o que ele precisa é de energia. A prática energizante e rejuvenescedora do Yoga pode ser a fonte.
Por último, vez ou outra me perguntam se alguém é “bom no Yoga”. Eu prontamente respondo que o melhor Yogin não é o mais flexível, mas o que está mais focado naquilo que ele ou ela estão fazendo e o que mais intensamente consegue realizar mulabandha e uma respiração profunda. É com certa tristeza que vejo pessoas “competindo na prática de Yoga” e também os que acabam desencorajados quando percebem tal competição e pensam que jamais serão capazes de fazer a sua prática com a flexibilidade e a destreza dos que estão mais avançados nas séries. O maior Yogin é o que consegue aproveitar a sua prática de Yoga ao máximo, e não aquele que é capaz de dar um nó cada vez mais complicado em si mesmo. Estou convicto de que, na prática dessa meditação em movimento que é o Ashtanga Yoga, o que realmente importa é o que está invisível ao observador, ou seja, aquilo que se passa dentro do praticante.
Eu acredito no Yoga. Acredito que qualquer um que queira pode praticar o Ashtanga, mesmo que com modificações que ajustem a prática à sua pessoa, de maneira que seja de fato prazerosa. Faz anos que costumo repetir: “Se alguém me diz: ‘Você tem 15 minutos, uma hora, etc., para fazer alguma coisa boa para você mesmo, então vá pescar, andar de bicicleta ou qualquer coisa assim’, eu começo imediatamente a fazer as Saudações ao Sol do Ashtanga Yoga e a Primeira Série”. Se alguém conseguir me mostrar algo melhor, estou pronto a aprender. Em meus 30 anos de busca, estudei cinco ou seis sistemas de prática do Yoga. E, para mim, não conheço nenhum programa de aptidão física, mental e emocional que seja melhor que o sistema do Ashtanga Yoga. Espero que você possa sentir o mesmo.
Seu no Yoga,
David Williams
*David Williams pratica Yoga desde 1971 e Ashtanga Vinyasa Yoga desde 1973, quando se tornou o primeiro não-indiano a aprender o sistema completo de asana e pranayama diretamente de Sri K. Pattabhi Jois em Mysore, Índia.
Tradução: Fábio Furtado

A liberdade que eu procuro

A liberdade que eu procuro 150 150 Kaka

… É o yoga sobre a liberdade ou não é? Muitas pessoas colocaram a carroça na frente dos bois. Eles confundem o objetivo do yoga, que é a libertação da alma da escravidão do renascimento e do sofrimento, por meio da união com o Divino… o que implica uma vida (ou muitas vidas) da disciplina. Patanjali expressa isso no Sutra 1.14: “sa tu dirgha-kala-nairantarya-satkarasevito drdha-bhumih”, que significa “A prática se torna firmemente estabelecida, quando for cultivada ininterruptamente e com devoção durante um período prolongado de tempo.”

Nada fácil, especialmente quando se considera a possibilidade de que o período de tempo prolongado pode transbordar a partir desta vida para outra, e talvez ainda mais vidas depois disso.


Para o sucesso no yoga deve-se submeter à disciplina da prática, a um professor e, finalmente, a si mesmo. Isso não precisa ser tão sombrio como pode parecer à primeira vista… você estará livremente optando atravessar por lesões, dúvidas, tédio e todos os outros obstáculos que todo praticante de yoga, sem exceção, tem de enfrentar.

E na outra extremidade deste trabalho, esta disciplina e esta submissão é a liberdade. Lembre-se que Guruji disse “nesta vida temos a chance de ver Deus. Mesmo que nem todos consigam ver a Deus, podemos ter a paz de espírito de ter vivido uma vida tão livre quanto possível da violência, doença, stress e, em suma, o sofrimento.” Esta é a liberdade que eu procuro.

por Patrick Nolan





Segue o texto original

Yoga: Freedom through Submission

by Patrick Nolan


Yoga has long been associated with artists and celebrities and this has been a mixed blessing. As far back as the 1950’s poets and intellectuals such as Allen Ginsberg made the expansion of consciousness a priority and ignited an interest in Eastern spirituality. In 1968 the Beatles catapulted yoga and meditation into mainstream awareness when they went to Rishikesh to study TM, or transcendental meditation, with Maharishi Mahesh Yogi. Subsequent generations of artists and celebrities, from Martin Sheen and Jeff Bridges in the 70’s to Sting and filmmaker David Lynch in the 80’s, to Madonna, the Beastie Boys, and Russel Simmons in the 90’s, have very publicly embraced yoga and Indian spirtiuality. So, how has this been a mixed blessing? On one hand I think it quite likely that had the Beatles not gone to India, neither would Norman Allen, David Williams, or Nancy Gilgoff (who were the first Americans to study with the main teacher of the Ashtanga Yoga method, Sri K. Pattabhi Jois) have gone. Known as Guruji to his students, Sri K. Pattabhi Jois’s message would have come to us by some other means or through other people, or maybe not at all. I, for one, am exceedingly grateful they did go as Ashtanga yoga has been extraordinarily beneficial to my life. On the other hand I also see that yoga has unfortunately been perceived as a sort of individualistic counter-cultural pursuit. The image of the Beatles, the quintessential trail-blazing iconoclastic rock band of the 60’s bedecked with marigold malas and sitting at the Maharishi’s feet is burned into our collective mental retinas. Furthermore, to this day depictions of psychadelic drug experiences in films are typically scored with sitar music


Why would an individualistic attitude or approach toward yoga practice not necessarily sit well with practitioners and teachers who strive to be more traditional and authentic? I mean, is yoga about freedom or isn’t it? Put succinctly, many people put the cart before the horse. They confuse the goal of yoga, i.e., the liberation of the soul from the bondage of re-birth and suffering by means of union with the Divine, with the process of yoga, which entails a lifetime (or many lifetimes) of discipline. Patanjali expresses this explicitly in Sutra 1.14: “sa tu dirgha-kala-nairantarya-satkarasevito drdha-bhumih,” which means “Practice becomes firmly established when it has been cultivated uninterruptedly and with devotion over a prolonged period of time.” Heavy stuff, especially when one considers the possibility that the prolonged period of time may spill over from this life to the next, and perhaps even more lives after that.


So when it comes down to it, the only way out is straight through. For success in yoga one must submit to the discipline of the practice, to a teacher and ultimately to one’s Self. This doesn’t have to be as gloomy as it may seem at first. As any fetishist will tell you, the person who submits is the one with the power. Choosing to submit is a free choice. So is choosing to stick with it through injuries, self-doubt, boredom and all the other obstacles that every single yoga practitioner without exception will face. It doesn’t have to be mirthless, but it is serious business. Ashtangis are sometimes accused of “taking themselves too seriously.” Before I committed to this lineage I used to level that accusation myself . But no, we are merely serious about spiritual practice, which is not a bad thing. And at the other end of this work, this discipline and this submission is freedom. Remember Guruji said that in this life we have a chance to see God. Even if not all of us get to see God, we can have the peace of mind from having lived a life as free as possible from violence, disease, stress and in short, suffering. This is the freedom I seek.

Vivendo a Prática

Vivendo a Prática 150 150 Kaka



“A profundidade da prática não pode ser vista pelo asana. Alguém que pode fazer um backbend e agarrar seus tornozelos não vai ser mais avançado em sua prática do que alguém que tem dificuldade em flexões para a frente ou é rígido. Isso não faz diferença, não é isso que está em questão nesta prática. (…) Eu acho que há um valor em seguir um sistema que é tão objetivo, então o sistema vinyasa do Ashtanga Vinyasa Yoga, a idéia de um certo movimento e então esta pose e, em seguida, um certo movimento e aquela pose, é estática de certa forma, ela é objetiva por existir como é, independente do que eu quero fazer. Moldar a mim mesmo para dentro deste sistema é o que cria a mudança. Se eu fizer o que eu quiser ou se eu adaptar esse sistema para as minhas próprias preferências, então eu vou fortalecer as áreas em que já sou forte ou enfraquecer as áreas em que eu sou fraco. Eu vou só basicamente fortalecer minhas preferências. A prática, qualquer prática, qualquer prática de meditação (que é o que isto é) deve revelar as nossas preferências. Deve ser um espelho onde olhamos a nós mesmo e que nos permite enxergar-nos, não uma expressão de mim mesmo. Então, eu encontrei um grande valor em seguir a prática como ela foi apresentada a mim, o mais perto quanto posso, e é interessante ver as partes que eu não sigo ou não segui porque essas são, geralmente, as partes em que eu realmente preciso trabalhar.”
David Robson