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Equilibrando Vata

Equilibrando Vata

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Equilibrando Vata
Nos ciclos da Natureza, Vata, Pitta e Kapha estão sempre presentes, suas proporções variando harmoniosamente, como numa dança constante, em que quando um aumenta, o outro diminui.  Com o frio e o vento do Outono, Pitta começa a decair e Vata a aumentar. Naturalmente, também nós ganhamos qualidades desse Dosha: ficamos mais secos, frios e leves. 
Vata governa o sistema nervoso, o movimento e a comunicação no nosso corpo, por isso é tão importante mantê-lo equilibrado. Porque se esse Dosha agrava, a comunicação entre sistemas é alterada, o organismo desregula e mais facilmente Pitta e Kapha agravam também.  Por isso, vale estar atento para os sinais de desequilíbrio Vata: pele e cabelo secos e sem brilho, corpo duro, rígido e com dores, articulações que estralam e doem, apetite irregular, constipação, gases, abdômen distendido, urina e suor escassos. A mente fica agitada, nos sentimos ansiosos, suscetíveis a barulhos fortes, com medos e preocupações, insônias e dificuldade de concentração. 
Como semelhante gera semelhante, as pessoas com uma constituição predominantemente Vata são as que mais correm risco de agravar esse Dosha. São pessoas que geralmente têm uma estrutura longilínea, são magras, com ossos proeminentes, têm pele seca com pouca cor, suam pouco e são ágeis tanto fisicamente como mentalmente, captando rapidamente as informações. No entanto, pela sua qualidade agitada, têm tendência a ter uma memória fraca, pulando entre assuntos e interesses diferentes constantemente. São aquelas pessoas que têm muita facilidade de começar uma atividade ou projeto, mas a quem geralmente falta persistência e concentração para terminá-los. Em equilíbrio, são pessoas comunicativas, expansivas e alegres. 
Através da alimentação e estilo de vida, podemos contrabalançar a tendência de acumular Vata no Outono. Pensamos em seus atributos e como equilibrar cada um.  Precisamos contrapor o frio com alimentos e bebidas quentes, a agitação com alimentos e hábitos de vida que enraízem, a secura com hidratação e oleação. Porém, um dos desafios de adotar uma dieta anti-Vata está em que esta parecer ir contra aquilo que temos como ideia de saudável. O típico prato cheio de salada sem óleo, os snacks naturais, como as bolachas de arroz, a granola ou frutos secos, são precisamente aquilo que aumenta Vata. Isso não quer dizer que comecemos a comer o que vemos como oposto disso, como seriam as frituras ou queijos muito curados. Devemos sim, preferir alimentos que tragam Fogo, Terra e Água para nosso organismo. 
Como sempre, a observação é a chave. Olhe para seu prato e veja que elementos estão mais presentes. A comida é leve e seca como o Vento? Quente e penetrante como o Fogo? Ou úmida e pesada como a Terra e a Água? Que sabores são predominantes? Observe como se sente leve e aéreo depois de um prato de salada. Ou como a mente parece embotar depois de comer algo pesado como uma lasanha. Realmente compreender que qualidades tem uma refeição e como nos influenciará naquele determinado momento, é muito mais importante do que nos atermos a listas de alimentos que podemos ou não comer. Os brócolis podem causar gases e aumentar Vata, mas se bem cozidos, com especiarias picantes e molho, essa tendência é atenuada. Da mesma forma, o leite consumido gelado aumenta Kapha, de uma forma que se fervido com gengibre e cardamomo não. Também um prato picante agravará mais Pita se comido num ambiente estressante e acompanhado por álcool. Cada corpo é singular e ao mesmo tempo, parte do ambiente que o rodeia, assim como cada alimento. Por isso, é fundamental estarmos atentos para os ciclos naturais, como as estações e entendermos que constantemente temos de nos adaptar a eles, não o contrário.
Nesse caso, observando as qualidades do Outono e prevendo o possível acúmulo de Vata, podemos fazer algumas escolhas de forma a prevenir o agravo desse Dosha. Seguem algumas sugestões:
  • Raízes como cenoura, grãos, óleos e castanhas têm uma qualidade pesada que equilibra a leveza de Vata. Os óleos mais aconselhados são o de gergelim e ghee.
  • Os lácteos são nutritivos e ricos e por isso ótimos para Vata, mas devem ser consumidos com moderação quando há sinais de Kapha no corpo (congestão, muco, sensação de peso, inchaço).
  • Os sabores doce, ácido e salgado reduzem Vata, enquanto amargo e adstringente o aumentam.
  • Especiarias como gengibre, cominho, coentros, cúrcuma e pimenta preta estimulam o Agni e ajudam a produzir calor interno.
  • As frutas, por serem geralmente doces e nutritivas, são aconselhadas, porém as frutas secas como as tâmaras devem ser hidratadas. 
  • A comida crua, processada, congelada e seca deve ser evitada.
  • Alimentos que provocam gases como feijão e repolho são aqueles que mais aumentam Vata, devendo-se reduzir sua quantidade ou consumi-los com especiarias que estimulem a digestão.
  • Chás e sopas são uma ótima forma de nos mantermos quentes e hidratados.
  • É importante não saltar refeições. Uma característica Vata é ter um Agni irregular, em que a fome vem em horários sempre diferentes e logo passa, mesmo que não se coma. Quanto mais perdermos a rotina de nos alimentarmos em determinados horários, mais reforçamos essa tendência e mais acumulamos Vata.
  • Tal como os dias vão ficando mais curtos e as noites mais longas nesta época, também nossa tendência deve ser de abrandar o ritmo e repousar mais. Estimulantes como o café devem ser evitados, assim como rotinas ou exercícios extenuantes.
  • Vata é muito sensível a mudança. Viagens constantes, noites sem dormir, excesso de trabalho ou de estímulos audiovisuais como a televisão agravam esse Dosha e devem ser diminuídos.
  • Fazer uma massagem com óleo semanalmente, de preferência com óleo de gergelim aquecido, nutre e hidrata os tecidos, ao mesmo tempo em que relaxa.
A idéia é não esperar o desequilíbrio se instalar para atuar. A verdadeira saúde só é possível quando aceitamos e fluímos com as mudanças constantes, que acontecem a nossa volta e dentro de nós. Saber viver de acordo com os ciclos da Natureza é uma arte que perdemos, mas que podemos resgatar através da observação.

Texto: Olga Rodrigues
Fotos: Taeko