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Yoga

Banho de Óleo

Banho de Óleo 150 150 Kaka


Oil Bath
Na tradição do Ashtanga, Sábado é dia de descanso da prática diária.  É por isso, perfeito para fazer o Oil Bath, ou em português banho de óleo, como recomendado por Pattabhi Jois e Sharath Jois. Apesar do nome, não é exatamente um banho em que nos imergimos em óleo, mas uma massagem, que restaura nosso corpo e mente para a semana que segue.
O Ayurveda vê no óleo um importante componente terapêutico, que pode ser usado tanto internamente como externamente. A grande qualidade do óleo é sua ação desintoxicante, ao conseguir diluir as toxinas acumuladas e facilitar sua eliminação. Ao contrário de sabonetes e cremes que ressecam a pele, o banho de óleo hidrata e alimenta a flora microbiana benéfica desta, protegendo-a. A massagem com óleo tem ainda outros benefícios:
  • Nutre e lubrifica músculos, tecidos e articulações.
  • Compensa a secura de Vata, diminuindo seus desequilíbrios. Como este Dosha governa o movimento e comunicação entre as diferentes partes do corpo, todo o organismo se beneficia.
  • Estimula a circulação do sistema linfático, responsável por remover resíduos das células, levar nutrientes e ajudar a criar anticorpos. Se estes canais que percorrem todo o corpo estão entupidos, o organismo não consegue se livrar das toxinas em excesso, começando a reagir na forma de doença. Alguns sinais de congestão linfática são: fadiga, inchaço, pés e mãos frias, retenção de água, corpo duro ou dolorido de manhã e pele seca ou irritada.
  • O movimento circular nas articulações secreta linfa, o que aumenta a quantidade de minerais, proteínas, oxigênio e glicose, diminuindo as inflamações e dor.
  • Remove estresse e fadiga, protegendo o sistema nervoso.
  • Ajuda a dormir melhor e combate a insônia.
  • Para as pessoas com constituição ou agravos Vata, devolve oleosidade á pele, acalma os nervos e nutre os tecidos que estão demasiado secos.
  • Para as pessoas com constituição ou agravos Pitta, remove o excesso de calor, através do uso de óleos refrescantes e doces.
  • Para as pessoas com constituição ou agravos Kapha, esquenta e drena o corpo, ajudando a remover o excesso de água e muco.
A sensação depois da massagem é de bem-estar geral e relaxamento, por isso é bom fazer Sábado, quando podemos descansar. O resto do dia deve ser passado tranquilamente, evitando fazer esforços, pegar frio ou sol, lugares barulhentos e comida pesada. Faz sentido que depois de desintoxicarmos e relaxarmos corpo e mente não os sobrecarreguemos imediatamente com muita informação. 
Se o Sábado não for um bom dia por questões práticas, tradicionalmente, as mulheres podem fazê-lo Terça ou Sexta e os homens Segunda ou Quarta. Durante a menstruação não é aconselhado.
Primeiro de tudo, há que escolher o óleo:
Castor Oil (óleo de Rícino): era o recomendado por Guruji, pelas suas propriedades antiinflamatórias e purgativas. Porém, é muito denso e deve ser deixado no máximo 15 minutos. Pela sua qualidade quente aumenta Pitta.  Não deve ser usado na gestação. É também muito difícil de remover e requer mais lavagens que os outros. 
Óleo de sésamo (Gergelim): é mais aconselhado para pessoas com constituição Vata, mas pode também ser usado por Pitta e Kapha, em quantidades menores. O Ayurveda considera que é um óleo quente, antioxidante, que dá força e inteligência.
Óleo de Coco: doce e refrescante, é o mais aconselhado para pessoas de constituição Pitta ou dias quentes.
Óleo de Mostarda: o mais apropriado para pessoas com constituição Kapha, por ser quente e leve. Alivia dores musculares. Porém, é difícil encontrar esse óleo no Brasil.
Como fazer o Oil Bath:
  1. Curar o óleo em banho maria por 15 minutos. Antes de utilizar, verificar a temperatura, que deve ser morna.
  2. Cobrir o chão com toalhas e preparar o lugar onde se descansará com o óleo no corpo. Uma boa opção é um lençol velho, já que o óleo mancha.
  3. Começando pela cabeça, colocar uma boa porção de óleo e massagear o couro cabeludo com movimentos circulares, por uns cinco minutos.
  4. Aplicar o óleo no corpo. Pode se colocar primeiro rapidamente no corpo todo para depois se ir dando mais atenção a cada parte.
  5. Com bastante óleo, fazer massagem com movimentos longitudinais em membros e circulares nas articulações.
  6. No abdômen, os movimentos devem ser circulares, no sentido dos ponteiros do relógio, tal como o movimento da digestão, para facilitar a eliminação de resíduos.
  7. Os pés, onde temos muitos pontos Marma (pontos de energia) devem ser massageados por mais tempo que o resto do corpo, com calma e atenção.
  8. Descansar cerca de 15 minutos em Savasana, de preferência sem barulho ou interrupções. Esse tempo não deve ser ultrapassado com o Castor Oil. Os outros óleos podem ficar por mais tempo, lembrando que depois de 2 horas o corpo não consegue absorver mais.
  9. Tomar um banho quente, com sabonete natural. Como o óleo é difícil de tirar do cabelo, o melhor é lavar primeiro com sabonete e só depois com xampu.
  10. Esperar uma hora até comer e aproveitar o resto do dia com atividades relaxantes como ler um livro ou ouvir música. 
No meio de uma vida agitada, em que equilibramos trabalho, amigos, família e Yoga, pode ser difícil conseguir um tempo para nos cuidarmos, mas muito importante.  O Oil Bath é um ato de amor e respeito pelo corpo, essa dávida do Universo que nos permite viver todas essas coisas. 
Texto: Olga Rodrigues 
Foto: Taeko

A Grande Noite de Shiva

A Grande Noite de Shiva 150 150 Kaka

MahaShivaratri


Todos os anos, na Lua Nova do mês hindu Phalgun (fevereiro-março) celebra-se  Maha Shivaratri, a grande noite de Shiva, que em 2014 acontece dia 27 de fevereiro.  É o momento de venerar o Deus Shiva, onde milhares de hindus cantam versos e hinos, meditam, adoram o Lingam e jejuam durante toda a noite, até a manhã do dia seguinte. É dito que aqueles que celebram esta data com devoção, realizando os rituais, limpam o seu Karma e se aproximam mais de Moksha, a liberação.
Shiva é o Deus da transformação, aquele que destrói o que precisa ser destruído, para dar espaço para a renovação e crescimento. Faz parte da Trindade hindu, em conjunto com Brahma (criação) e Visnhu (preservação). Por isso Shiva aparece como Nataraja, o deus da dança cósmica, que rege o ciclo de criação, preservação e destruição. Diz-se que esta dança, chamada de Tandava, começou neste dia. 
É também o Yogi primordial, aquele que passou esse conhecimento a Matsyendra, o Deus dos peixes, para que a humanidade pudesse aliviar  seu sofrimento.
A lenda conta que Shiva salvou o Universo do veneno Halahala.  Os Devas (Deuses) tinham sido derrotados pelos Asuras (demônios) e foram pedir ajuda a Vishnu. Este lhes recomendou se unirem aos Asuras para agitar o oceano em busca de amrita, o néctar da imortalidade. O Monte Mandara foi usado como bastão e Vasuki, o rei das serpentes, como corda.  Tanto agitaram o oceano que vários seres, bens e até a deusa Lakshmi emergiram. Por último, surgiu um pote de  Halahala, o veneno com poder para destruir toda a criação. Asuras e Devas procuraram por Shiva, pois ele era o único capaz de engolir aquele liquido tóxico. Por compaixão com todos os seres, Shiva assim o fez. Parvati, assustada, comprimiu seu pescoço para que o veneno não chegasse ao estômago, tendo ficado na garganta e mudado de cor para azul. Dessa forma, Shiva recebeu o nome de Nilakantha, aquele que tem a garganta azul. Por fim emergiu amrita, que Visnhu concedeu aos Devas, restabelecendo a paz. Muitas leituras podem ser feitas desta história, mas quem pratica Yoga com certeza já se sentiu agitado por seus deuses e demônios,  tendo que lidar com  halahala, o veneno das emoções tóxicas acumuladas, quando na verdade se procurava o amrita, o bem-estar e felicidade. Assim, Vasuki, o rei das serpentes, representa o Shushumna Nadi, o principal canal energético e o Monte Mandara o ego. Esta história nos lembra de que não devemos simplesmente expelir esse veneno, mas antes transformá-lo, tal como Shiva fez. Somente depois dessa transformação podemos usufruir de amrita.
Nesta data auspiciosa também se celebra a união de Shiva com Shakti. Por toda a Índia, mulheres participam das celebrações, orando por uma vida matrimonial harmoniosa ou por um marido com as qualidades de Shiva. Também aqui podemos interpretar de diversas formas, se pensarmos em Shiva como energia masculina, como consciência e Shakti como energia feminina, criadora, vemos que as duas se relacionam e impulsionam a transformação. E não falamos aqui de relação homem-mulher, mas da sinergia entre essas duas forças dentro de cada um de nós. Sem consciência, o poder de Shakti pode ser destruidor, sem a energia criadora, a consciência permanece imutável, inerte.
A Lua Nova por si já é um começo de um ciclo, um retorno a escuridão que tem o potencial criador. Quando abençoada com o poder de Shiva, como no Maha Shivaratri, torna-se um momento particularmente benéfico para a meditação e introspeção. Nestes dois dias, podemos honrar Shiva através de oferendas e cantos como o “Om Namah Shivaya”, ao mesmo tempo que  nos recolhemos e ganhamos forças para iniciar esse novo ciclo. 
Protegidos pela sabedoria de Shiva, este é momento de nos oferecermos a possibilidade de mudança e transformação, eliminando padrões e situações que não nos servem mais e que impedem nossa evolução.
Para saber mais sobre o Mahashivaratri http://www.mahashivratri.org:
Texto: Olga Rodrigues
Foto: Taeko

Yamas

Yamas 150 150 Kaka


Ashtanga Yoga de Patanjali: Yamas
O Ashtanga Yoga é muitas vezes visto como uma prática exigente fisicamente e pouco espiritual, ou que quer que isso signifique. Afinal, a vida em si é espiritual e sagrada, em todos os seus aspetos e momentos, desde escovar os dentes até cantar um mantra. Mas enfim, a verdade é que de nada adianta subirmos no mat por 2 horas e executarmos posturas perfeitamente, se no resto do dia agimos sem consciência e sem intenção de tornarmos o mundo um lugar melhor. Não por acaso, o nome desse método é inspirado no Ashtanga Yoga de Patanjali.
Patanjali era um rishi (sábio) de que se sabe pouco, mas que se acredita que viveu alguns séculos a.C. e que escreveu os Yoga Sutras, um livro de aforismos sobre os princípios do Yoga e seus oito (asht) membros ou passos (angas). 
No sutra 1.2 Patanjali diz que Yoga é “citta vrtti nirodhah”, a cessação das flutuações da mente. Os Yoga Sutras são como um mapa que nos guia na direção de uma mente sem flutuações, que nos permita contemplar nosso verdadeiro Ser. Mas a viagem cabe a cada um fazer. Podemos ler e recolher toda a informação sobre um lugar, mas só saberemos como é exatamente quando chegarmos lá. Assim é com o Ashtanga Yoga e só poderemos compreender realmente cada anga quando o experienciamos. O 1% de teoria é valioso, mas é o 99% de prática que nos faz mover, avançar e evoluir. Sem dúvida, não é um caminho fácil, mas é recompensador.
Pattabhi Jois dizia que os quatro primeiros membros (yama, niyama, asana e pranayama) podem ser ensinados, mas os quatro finais (pratyahara, dharana, dhyana e samadhi) acontecem espontaneamente, quando se está preparado. Os yamas, o primeiro passo nesse caminho, são limites que precisamos ter nas nossas relações com o Universo para que estas sejam harmoniosas. São restrições a tendências que se tornam naturais quando vivemos num mundo individualista, mas não são mais do que regras universais da ética. São cinco:
Ahimsa: não-violência, o primeiro princípio e que governa os outros. É um voto de não causar intencionalmente dano a nenhum ser vivo, nem em ações nem em pensamento. Á medida que nos aprofundamos nesta prática, entendemos que requer muita compaixão e não-julgamento. É a principal razão pela qual muitos praticantes de Yoga não consomem carne. Mas atenção, não ser violento não significa ser passivo. O voto de Ahimsa nunca deve ser a causa de um dano maior no futuro. 
É importante que apliquemos esse princípio também a nós mesmos, respeitando e escutando nosso corpo. Algumas pessoas, em determinados momentos, abordam a prática com uma atitude competitiva, ignorando as dores que sentem e querendo chegar à perfeição do asana, custe o que custar. É aqui que surgem as lesões e frustrações. Se não está conseguindo chegar na postura que sempre desejou ou que conseguia antes, tudo bem: respire, relaxe e aproveite a viagem. Lembre-se que Ahimsa é sobretudo um voto de amor, mesmo que seja por si mesmo.
Satya: veracidade ou honestidade. Como praticantes de Yoga, é importante que nossas ações sejam coerentes com nossas palavras e que estas transmitam apenas a verdade. Isso torna a vida muito mais fácil: alguém que fala a verdade não precisa se preocupar com aquilo que falou anteriormente. Já quando alguém mente, precisa desperdiçar energia construindo a falsa realidade, prevendo e calculando o que vai dizer. 
Como todos os yamas, Satya é inseparável de Ahimsa: se algo é verdadeiro, mas desagradável, deve ser mantido em silêncio. Se a verdade vai machucar o outro, é preferível responder com um “sei mas não posso dizer” do que mentir.
A nível pessoal, não podemos esquecer-nos de ser verdadeiros conosco mesmos. Se nos propomos a algo, devemos fazer o possível para cumpri-lo. A honestidade faz com que estejamos mais conscientes, estabelecendo metas mais adequadas a nossa realidade e verdade pessoal.
Asteya: não-roubar ou não tirar algo que não nos foi oferecido. Não vale só para bens, mas também para tempo, energia, idéias e espaço de outras pessoas. Se durante a aula, um aluno aproveita para conversar alto sobre os seus próprios problemas, distraindo quem se tenta concentrar, isso é também se apropriar de algo que não é só seu. Também por esse princípio é importante honrarmos a tradição e o parampara. O conhecimento a que temos acesso hoje não nos pertence, foi passado por uma linhagem de sábios por séculos. Como tal, não podemos alterá-lo como nos convém ou achar que o possuímos.
Bramacharya: traduzido muitas vezes como castidade. Na sua essência significa mover-se em direção a Brahma. Na tradição védica, Bramacharya diz respeito aos primeiros 25 anos de vida, em que se estuda e se mantém casto para conservar energia para os estudos. Também pode ser interpretado como um voto de integridade e controle dos sentidos. Isso não quer dizer que não desfrutemos as sensações e emoções que a vida nos traz. Apenas que a busca pelo prazer não precisa ser nossa principal motivação. Como podemos atingir uma mente sem flutuações se nos deixamos distrair por qualquer estímulo sensorial? 
Sobre as relações amorosas ou sexuais, não precisamos tomar o celibato como meta, até porque isso desanima qualquer um. Se agirmos com amor e atenção, aplicando os outros yamas nestas relações, com certeza não só não desperdiçaremos energia como tornaremos a nossa vida mais rica.
Aparigraha: não-ganância. A ganância ou essa tendência de acumular mais do que precisamos só acontece quando nos identificamos com aquilo que não somos. Iludidos, acreditamos que é a roupa, o carro, o dinheiro no banco que nos vai fazer mais felizes, quando a felicidade já está dentro de nós. Perdidos nessa busca constante, nos esquecemos que todas essas possessões são temporárias e se irão. 
Assim é com o corpo, uma das coisas do mundo com que mais nos identificamos. Parigraha (ganância) é também olhar para o lado e querer fazer o que o outro faz, chegar mais longe na série, acumular posturas, mesmo que isso signifique perder bandhas e respiração, mesmo que nos lesionemos. 
Estar firmemente estabelecido em qualquer um dos yamas é extremamente complexo, mas fundamental para alcançar uma mente sem vrttis. E isso implica colocar a luz sobre cada ação e pensamento, mesmo aqueles que preferíamos ignorar. Uma palavra rude, uma mentirinha, um troco errado mas vantajoso para nós podem parecer inofensivos mas na verdade, contaminam nossas relações com o mundo. Cada vez que permitimos que uma semente de uma atitude como a violência germine, uma planta crescerá daí e mais tarde ou mais cedo colheremos seu fruto amargo. 
Mas no sutra 2.33 Patanjali nos dá uma estratégia para consolidarmos os yamas: pratipaksa-bhavana. Sempre que pensamentos negativos surgirem dentro de nós, incitando-nos a romper com os yamas, podemos trazer a nossa mente pensamentos opostos. Se alguém nos irrita e sentimos que vamos reagir com raiva e acabar por falar algo de que nos arrependeremos mais tarde, podemos pensar nas qualidades positivas da pessoa ou situação. Também pode ser entendido como ver o outro lado da questão ou se colocar no lugar do outro. É um exercício que requer persistência, mas que com o tempo, se torna um aliado poderoso.
Os yamas são mais do que mandamentos ou códigos rígidos de como nos devemos comportar. São como sinais que mostram que direções tomar. Ninguém pode fugir do Dharma. Quando sacrificamos valores dharmicos para ter mais poder, dinheiro ou prazer, não conseguimos ficar tranqüilos. 

A verdade é que os yamas só são difíceis de cumprir porque fazemos uma separação errada entre nós e o mundo. Se o outro é Ishvara, o Ser Supremo, tal como eu, que ganho em magoá-lo ou mentir-lhe? De que me serve acumular ou roubar bens se são apenas uma parte do Universo como eu? Estabelecer-se e compreender realmente cada yama é uma prática completa em si mesma, imprescindível no nosso caminho até o samadhi.                                                                                                                                              

Texto: Olga Rodrigues

Foto: Taeko                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

Guruji

Guruji 150 150 Kaka

Vande Gurunam charanaravinde
Sandarshita svatmasukhavabodhe
[Eu me curvo aos pés de lótus do Guru
Que me desperta para a felicidade da revelação do Ser]

Sri Krishna Pattabhi Jois, ou Guruji, como era afetuosamente chamado pelos seus alunos, nasceu num dia de lua cheia, a 26 de julho de 1915, na pequena cidade de Kowshika. Seu pai era sacerdote, astrólogo e dono de terras, sua mãe cuidava da casa e da família com nove crianças. Como todos os meninos da linhagem Brahmin, foi iniciado pelo pai ao estudo dos Vedas, sânscrito e rituais com cinco anos.
Em 1927, assistiu pela primeira vez a uma demonstração de Yoga, por T.S. Krishnamacharya, que o impressionou. Na Gita, Krishna diz que aquele que chega ao Yoga nessa vida já o praticou numa vida anterior, sendo atraído mesmo contra sua vontade. Assim aconteceu com Pattabhi Jois, que com apenas 12 anos, acordou no dia seguinte e se dirigiu a casa do yogi, pedindo para ser instruído por ele. Durante dois anos, acordou mais cedo cada manhã, caminhando por kilometros para praticar antes de ir a escola. Tudo isso sem que sua família soubesse, principalmente porque o Yoga era visto como uma prática esotérica para sadhus ou sannyasins (renunciantes). 
Depois da sua cerimônia iniciática como Brahmin, pegou o trem para Mysore. Com 14 anos e duas rupias no bolso, dirigiu-se a Faculdade de Sânscrito para estudar Vedas e Vedanta. Três anos depois escreveu para seu pai, contando seu paradeiro. Mais tarde, se tornou um professor de Advaita Vedanta, cargo que só deixou em 1973 para se dedicar totalmente ao seu shala.
O seu caminho voltou a se cruzar com o de Krishnamacharya, em 1931, quando assistiu a uma demonstração de Yoga na Faculdade de Sânscrito. Feliz de reencontrar seu guru, se curvou aos seus pés e assim se retomou a relação professor-aluno, que duraria 25 anos. 
Nessa mesma época, o Maharaja de Mysore mandou chamar Krishnamacharya para o que o curasse, já que nenhum outro médico tinha conseguido. Através de Yoga, alimentação e ervas medicinais, Krishnamacharya conseguiu que o Marahaja recuperasse sua saúde. Como agradecimento, esse construiu um shala no próprio palácio e patrocinou diversas viagens de Krishnamacharya e seus alunos (entre eles Pattabhi Jois) por toda a Índia, para divulgar e estudar mais sobre Yoga. 
O Maharaja lhe pediu que ensinasse Yoga na Faculdade de Sânscrito, onde começou em março de 1937. Pattabhi Jois contava que seu certificado de professor foi dado por Krishnamacharya quando este lhe entregou um homem doente, dizendo: “Cure-o”.
Por essa altura, uma menina de 14 anos foi sua aluna: Savitramma, que depois de ver Pattabhi Jois praticando disse ao pai que queria aquele homem como marido. O astrólogo contratado pela família informou que os dois não eram compatíveis, mas Amma era determinada e acabaram por se casar. Em Mysore criaram três filhos: Manju, Saraswathi e Ramesh. Amma, amada por todos os alunos de Guruji por seu espírito alegre e caloroso, foi também uma ótima aluna de sânscrito e Yoga, tendo chegado a fazer asanas avançados. 
Ramesh faleceu em 1973, mas tanto Manju como Saraswathi se tornaram professores de Yoga, assim como os filhos de Saraswathi: Sharath e Sharmila. Amma veio a falecer em 1997, o que abalou profundamente Guruji.
Em 1948, Pattabhi Jois fundou na sua própria casa o Ashtanga Yoga Research Institute (Instituto de Pesquisa de Ashtanga Yoga), onde pretendia experimentar os métodos terapêuticos ensinados por Krishnamacharya. Nesse primeiro Shala, havia espaço para somente 12 alunos, na época indianos que chegavam muitas vezes por indicação médica, com doenças como diabetes, asma ou hanseníase.
Cerca de 1960 veio o primeiro ocidental, Andre Van Lysbeth, um belga, que permaneceu por dois meses aprendendo os asanas da primeira e segunda série. Voltando a Europa, escreveu um livro intitulado Pranayama, onde figurava uma fotografia com Pattabhi Jois. 
Em 1973, David Williams, Nancy Gilgoff e Norman Allen chegaram para estudar com Guruji, depois de terem ficado deslumbrados com uma demonstração de Manju Jois, no ashram de Swami Gitananda, em Pondicherry. 
A primeira viagem de Pattabhi Jois ao Ocidente foi a São Paulo, em 1974, para dar uma palestra sobre sânscrito. Em 1975, foi pela primeira vez aos Estados Unidos, levado por um grupo de alunos de David Williams e Nancy Gilgoff. Durante os 30 anos seguintes, realizou várias dessas viagens, difundindo o Yoga no Ocidente. Seu inglês era muito limitado, mas na sua língua materna, o Kannada, discursava sobre filosofia védica e recitava textos em sânscrito como os Yoga Sutras com prazer. Ao mesmo tempo, sorria ao observar a busca espiritual insaciável dos seus alunos ocidentais, respondendo muitas vezes com sua conhecida frase “Yoga é 99% prática e 1% teoria”. 
Como principal texto sobre Ashtanga Yoga, escreveu o livro Yoga Mala, em 1962. O seu legado, porém é bem mais abrangente que isso: foi construído dia a dia, nos setenta anos que ensinou, ajustou e trabalhou com cada um de seus alunos, sempre com uma enorme dedicação e fé no método aprendido de Krishnamacharya. Com 70 anos, dava mais de 8 horas de aula por dia, sete dias por semana, um autêntico exemplo de energia e vigor. 
Com os anos, mais e mais ocidentais foram chegando, aumentando tanto o número de alunos por dia que a família construiu um Shala maior, em Gokulam, um bairro de Mysore, em 2002. 
Em 2007, Guruji ficou doente e começou a dar menos aulas, se aposentando no ano seguinte e deixando o Shala nas mãos de Saraswathi e Sharath.
No dia 18 de maio de 2009, com 93 anos, Guruji faleceu, na sua casa em Mysore, deixando um vazio gigante na comunidade mundial de Yoga. Aqueles que o conheceram definem-no como um homem sábio e simples, tão rígido quanto amoroso, com um grande amor pela família, uma enorme paixão por ensinar e eterno respeito pelo paramparam. Hoje e para sempre, seus ensinamentos continuarão a inspirar centenas de pessoas a transformar suas vidas.
Resta-nos agradecer termos sido tocados pela sua energia, direta ou indiretamente. A sua memória é mantida cada vez que um de nós sobe no tapetinho, apesar de qualquer coisa, se entrega e respira, suas palavras ressoando dentro de nós: “Do your practice and all is coming” (“Faça a sua prática e tudo chegará”).
Fonte:
Sri  K. Pattabhi Jois. Yoga Mala. 4th Edition. North Point Press: New York, 2010.
Guy Donahue, Eddie Stern. Guruji: a portrait of Sr. K. Pattabhi Jois through the eyes of his students. 1st Edition. North Point Press: New York, 2010.
Texto: Olga Rodrigues
Foto: Taeko

Carta aberta aos estudantes de ashtanga yoga

Carta aberta aos estudantes de ashtanga yoga 150 150 Kaka
Por David Williams
Toda vez que eu viajo para diferentes partes do mundo ensinando Yoga, sempre me vêm à mente certos conceitos fundamentais sobre como ensinar e praticar Ashtanga Yoga, baseados em estudo e observação pessoais e nos meus 32 anos de prática ininterrupta. Penso serem importantes o suficiente para querer compartilhá-los com todos.
Primeiro, o mais importante de tudo – e espero que você possa aprender isso na sua prática: “Se dói, você está fazendo errado”. Ao longo dos anos, tenho visto gente demais se machucando e machucando outros. A prática de Yoga pode ser (e deveria ser) prazerosa do início ao fim. O que importa de fato é mulabandha e uma respiração profunda e completa. Com isso e por meio da prática diária, a obtenção de mais flexibilidade é inevitável.
Aprendi a partir da minha própria prática e observação que forçar as limitações que você tem em determinado momento para conseguir entrar em uma postura pode fazer com que você se machuque, e a consequência, no mínimo, será a necessidade de parar para que a lesão se recupere e então retomar a prática. Tal sequência de eventos não é apenas desagradável, mas contrária à minha convicção de que, por meio de uma prática lenta, estável e diária, pode-se conquistar uma flexibilidade ainda maior – resultado da ação de nosso próprio calor interno, que nos faz relaxar nas posturas, em vez de forçar-nos nelas. Percebi que esse método mais lento, além de ser mais saudável e permitir o desenvolvimento de uma flexibilidade maior, faz com que ela seja de natureza mais duradoura do que a flexibilidade obtida quando se força uma postura. Infelizmente, como muitos acabam descobrindo, forçar nossas limitações pode trazer como resultado atividades reduzidas ou limitadas durante a recuperação. Esse ciclo pode produzir associações desagradáveis com a prática, em vez das experiências agradáveis que eu procuro apresentar e que me parecem ser necessárias para quem quer uma prática para toda a vida.
Penso ser importante mostrar às pessoas como elas podem fazer das séries do Ashtanga Yoga não só uma prática para toda a vida como também uma experiência absolutamente prazerosa. Imagino que, quando você viu a prática pela primeira vez, deve ter dito para você mesmo: “Se eu conseguir fazer isso, vai ser o máximo!”. Pois aí está: você já observou bastante a prática e quer continuar com ela. A chave então é se tornar apto a praticar Yoga pelo resto da sua vida. Depois de mais de 30 anos observando milhares de pessoas praticando Yoga, percebi que os que perduram são aqueles que sabem como tornar a prática algo de que possam desfrutar. Eles pensam na sua prática diária de tal maneira que nada pode impedi-los de achar um tempo para fazê-la. Ela se torna uma das partes mais prazerosas do seu dia. Os outros, consciente, subconsciente ou inconscientemente, desistem de praticar. E o meu objetivo, toda vez que encontro e dou aulas a novos alunos, é fazer tudo o que estiver ao meu alcance para inspirá-los a construir e estabelecer sua prática de Yoga não apenas durante os poucos dias em que estamos juntos, mas para o resto de suas vidas.
Em segundo lugar, espero que você possa entender que o principal objetivo do Yoga não é aumentar a flexibilidade ou a força. Uma maior flexibilidade e força são simplesmente resultados e benefícios naturais da prática diária. E, embora flexibilidade e força sejam benefícios importantes e visíveis do Yoga, acredito que a principal finalidade da prática do Yoga é a auto-realização e a capacidade de manter-se a si mesmo em equilíbrio e saudável todos os dias. A saúde é o seu maior bem. O DNA do corpo sabe o que é bom e saudável para o organismo; tudo o que ele precisa é de energia. A prática energizante e rejuvenescedora do Yoga pode ser a fonte.
Por último, vez ou outra me perguntam se alguém é “bom no Yoga”. Eu prontamente respondo que o melhor Yogin não é o mais flexível, mas o que está mais focado naquilo que ele ou ela estão fazendo e o que mais intensamente consegue realizar mulabandha e uma respiração profunda. É com certa tristeza que vejo pessoas “competindo na prática de Yoga” e também os que acabam desencorajados quando percebem tal competição e pensam que jamais serão capazes de fazer a sua prática com a flexibilidade e a destreza dos que estão mais avançados nas séries. O maior Yogin é o que consegue aproveitar a sua prática de Yoga ao máximo, e não aquele que é capaz de dar um nó cada vez mais complicado em si mesmo. Estou convicto de que, na prática dessa meditação em movimento que é o Ashtanga Yoga, o que realmente importa é o que está invisível ao observador, ou seja, aquilo que se passa dentro do praticante.
Eu acredito no Yoga. Acredito que qualquer um que queira pode praticar o Ashtanga, mesmo que com modificações que ajustem a prática à sua pessoa, de maneira que seja de fato prazerosa. Faz anos que costumo repetir: “Se alguém me diz: ‘Você tem 15 minutos, uma hora, etc., para fazer alguma coisa boa para você mesmo, então vá pescar, andar de bicicleta ou qualquer coisa assim’, eu começo imediatamente a fazer as Saudações ao Sol do Ashtanga Yoga e a Primeira Série”. Se alguém conseguir me mostrar algo melhor, estou pronto a aprender. Em meus 30 anos de busca, estudei cinco ou seis sistemas de prática do Yoga. E, para mim, não conheço nenhum programa de aptidão física, mental e emocional que seja melhor que o sistema do Ashtanga Yoga. Espero que você possa sentir o mesmo.
Seu no Yoga,
David Williams
*David Williams pratica Yoga desde 1971 e Ashtanga Vinyasa Yoga desde 1973, quando se tornou o primeiro não-indiano a aprender o sistema completo de asana e pranayama diretamente de Sri K. Pattabhi Jois em Mysore, Índia.
Tradução: Fábio Furtado

A liberdade que eu procuro

A liberdade que eu procuro 150 150 Kaka

… É o yoga sobre a liberdade ou não é? Muitas pessoas colocaram a carroça na frente dos bois. Eles confundem o objetivo do yoga, que é a libertação da alma da escravidão do renascimento e do sofrimento, por meio da união com o Divino… o que implica uma vida (ou muitas vidas) da disciplina. Patanjali expressa isso no Sutra 1.14: “sa tu dirgha-kala-nairantarya-satkarasevito drdha-bhumih”, que significa “A prática se torna firmemente estabelecida, quando for cultivada ininterruptamente e com devoção durante um período prolongado de tempo.”

Nada fácil, especialmente quando se considera a possibilidade de que o período de tempo prolongado pode transbordar a partir desta vida para outra, e talvez ainda mais vidas depois disso.


Para o sucesso no yoga deve-se submeter à disciplina da prática, a um professor e, finalmente, a si mesmo. Isso não precisa ser tão sombrio como pode parecer à primeira vista… você estará livremente optando atravessar por lesões, dúvidas, tédio e todos os outros obstáculos que todo praticante de yoga, sem exceção, tem de enfrentar.

E na outra extremidade deste trabalho, esta disciplina e esta submissão é a liberdade. Lembre-se que Guruji disse “nesta vida temos a chance de ver Deus. Mesmo que nem todos consigam ver a Deus, podemos ter a paz de espírito de ter vivido uma vida tão livre quanto possível da violência, doença, stress e, em suma, o sofrimento.” Esta é a liberdade que eu procuro.

por Patrick Nolan





Segue o texto original

Yoga: Freedom through Submission

by Patrick Nolan


Yoga has long been associated with artists and celebrities and this has been a mixed blessing. As far back as the 1950’s poets and intellectuals such as Allen Ginsberg made the expansion of consciousness a priority and ignited an interest in Eastern spirituality. In 1968 the Beatles catapulted yoga and meditation into mainstream awareness when they went to Rishikesh to study TM, or transcendental meditation, with Maharishi Mahesh Yogi. Subsequent generations of artists and celebrities, from Martin Sheen and Jeff Bridges in the 70’s to Sting and filmmaker David Lynch in the 80’s, to Madonna, the Beastie Boys, and Russel Simmons in the 90’s, have very publicly embraced yoga and Indian spirtiuality. So, how has this been a mixed blessing? On one hand I think it quite likely that had the Beatles not gone to India, neither would Norman Allen, David Williams, or Nancy Gilgoff (who were the first Americans to study with the main teacher of the Ashtanga Yoga method, Sri K. Pattabhi Jois) have gone. Known as Guruji to his students, Sri K. Pattabhi Jois’s message would have come to us by some other means or through other people, or maybe not at all. I, for one, am exceedingly grateful they did go as Ashtanga yoga has been extraordinarily beneficial to my life. On the other hand I also see that yoga has unfortunately been perceived as a sort of individualistic counter-cultural pursuit. The image of the Beatles, the quintessential trail-blazing iconoclastic rock band of the 60’s bedecked with marigold malas and sitting at the Maharishi’s feet is burned into our collective mental retinas. Furthermore, to this day depictions of psychadelic drug experiences in films are typically scored with sitar music


Why would an individualistic attitude or approach toward yoga practice not necessarily sit well with practitioners and teachers who strive to be more traditional and authentic? I mean, is yoga about freedom or isn’t it? Put succinctly, many people put the cart before the horse. They confuse the goal of yoga, i.e., the liberation of the soul from the bondage of re-birth and suffering by means of union with the Divine, with the process of yoga, which entails a lifetime (or many lifetimes) of discipline. Patanjali expresses this explicitly in Sutra 1.14: “sa tu dirgha-kala-nairantarya-satkarasevito drdha-bhumih,” which means “Practice becomes firmly established when it has been cultivated uninterruptedly and with devotion over a prolonged period of time.” Heavy stuff, especially when one considers the possibility that the prolonged period of time may spill over from this life to the next, and perhaps even more lives after that.


So when it comes down to it, the only way out is straight through. For success in yoga one must submit to the discipline of the practice, to a teacher and ultimately to one’s Self. This doesn’t have to be as gloomy as it may seem at first. As any fetishist will tell you, the person who submits is the one with the power. Choosing to submit is a free choice. So is choosing to stick with it through injuries, self-doubt, boredom and all the other obstacles that every single yoga practitioner without exception will face. It doesn’t have to be mirthless, but it is serious business. Ashtangis are sometimes accused of “taking themselves too seriously.” Before I committed to this lineage I used to level that accusation myself . But no, we are merely serious about spiritual practice, which is not a bad thing. And at the other end of this work, this discipline and this submission is freedom. Remember Guruji said that in this life we have a chance to see God. Even if not all of us get to see God, we can have the peace of mind from having lived a life as free as possible from violence, disease, stress and in short, suffering. This is the freedom I seek.

Vivendo a Prática

Vivendo a Prática 150 150 Kaka



“A profundidade da prática não pode ser vista pelo asana. Alguém que pode fazer um backbend e agarrar seus tornozelos não vai ser mais avançado em sua prática do que alguém que tem dificuldade em flexões para a frente ou é rígido. Isso não faz diferença, não é isso que está em questão nesta prática. (…) Eu acho que há um valor em seguir um sistema que é tão objetivo, então o sistema vinyasa do Ashtanga Vinyasa Yoga, a idéia de um certo movimento e então esta pose e, em seguida, um certo movimento e aquela pose, é estática de certa forma, ela é objetiva por existir como é, independente do que eu quero fazer. Moldar a mim mesmo para dentro deste sistema é o que cria a mudança. Se eu fizer o que eu quiser ou se eu adaptar esse sistema para as minhas próprias preferências, então eu vou fortalecer as áreas em que já sou forte ou enfraquecer as áreas em que eu sou fraco. Eu vou só basicamente fortalecer minhas preferências. A prática, qualquer prática, qualquer prática de meditação (que é o que isto é) deve revelar as nossas preferências. Deve ser um espelho onde olhamos a nós mesmo e que nos permite enxergar-nos, não uma expressão de mim mesmo. Então, eu encontrei um grande valor em seguir a prática como ela foi apresentada a mim, o mais perto quanto posso, e é interessante ver as partes que eu não sigo ou não segui porque essas são, geralmente, as partes em que eu realmente preciso trabalhar.”
David Robson